Confesso que fiquei pouco assustado enquanto estava assistindo ao “Bom dia Brasil” hoje pela manhã e vi a chamada mostrando policiais militares do município de Amazonas atirando a queima-roupa em um jovem. Vocês leram certo: eu fiquei pouco assustado.
Se pararmos para observar apenas o recente das ações realizadas pelos órgãos responsáveis de garantir a segurança dos cidadãos em nossa sociedade, veremos que atitudes de abuso de poder são constantes. É um coronel da polícia militar querendo ajudar um colega a escapar de uma blitz, e para tal ofendendo a corporação. São grupos de policiais na invasão aos morros do Rio de Janeiro, ocorridas em finais de 2010, arrombando casas, destruindo pertences de civis que nada tinham a ver com aquilo tudo e até roubando dinheiro que estava guardado. E a sociedade fecha os olhos para isso, pois pensa que eles tudo podem, ou então os cidadãos ficam com medo. Medo daqueles que estão ali para defender eles mesmos de bandidos.
O filme “Tropa de Elite” e sua continuação colocam o dedo numa ferida (mesmo que o segundo seja menos enfático nessa discussão) que muitas pessoas vem fechando os olhos: aqueles que são responsáveis por garantir a segurança da sociedade de uma forma geral sofrem fortemente o impacto psicológico de sua função, se tornando pessoas amargas, frias, violentas e vivenciando uma situação de urgência constante. O olhar do Capitão Nascimento no segundo filme retrata isso fielmente. Wagner Moura imprime olhos de constante pânico, mesmo que seja um olhar de uma frieza incrível, mas o que vemos também é o pânico. Já tive oportunidade de estar junto com um policial na mesa do almoço algumas vezes e escutar da boca dele as coisas que acontecem dentro da corporação (não de forma completa, porque muita coisa é velada). O treinamento pelo qual os policiais são passados, principalmente aqueles que compõe os batalhões de elite. Eles são treinados como animais mesmo. O que é mostrado por José Padilha no Tropa 1 não é exagero em momento algum. São treinados de forma pior do que são treinados cães farejadores. E aí o questionamento que me vem é: Essa animalização do homem para que ele venha a proteger a sociedade não é um equívoco? Muitos podem pensar que, realmente, para viver em situação de perigo constante, colocando-se em risco de morte por um salário muitas vezes pífio, o indivíduo tem que se preparar para lidar com situações das mais escabrosas. E concordo com isso… Agora, será que é necessário esse distanciamento do indivíduo da sua própria civilidade para garantir a estrutura da sociedade na qual estamos inseridos?
Ficam alguns questionamentos, e abaixo, alguns links de reportagens sobre os abusos de poder de policiais:
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/893754-relatorio-atribui-a-pms-150-assassinatos.shtml
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/03/presos-seis-pms-que-balearam-adolescente-no-amazonas.html