CRER, VIDA, MORTE, FAZER

Para onde vamos quando simplesmente não vamos para lugar nenhum? Será que realmente há um destino para todos nós após desaparecermos dessa nossa existência por aqui? Há algum lugar bonito, belo, singelo? Existe inferno, sofrimento e dor eternos?

Questionar-se sobre isso é algo que, confesso, nunca me peguei a fazer. Sempre tive a crença, cega como toda crença, de que há sim o lugar para onde vamos depois de nossa existência aqui nesse mundo. Minha crença sobre a existência desse lugar e a forma como chegar lá mudou com o passar do tempo e com o meu amadurecimento teológico. Já acreditei que o que eu faço enquanto estou vivo influencia para onde eu vou e hoje creio que para onde eu vou após minha morte é algo que já foi determinado e que independe de meus feitos para que eu consiga um lugar bom ou não para mim.

E essa discussão é algo deveras interessante de se ter e se pensar consigo mesmo. Para onde vamos? Sinceramente, não temos como dizer com certeza. Seja atribuindo a nossos atos o destino de nossa vida pós-morte ou seja o destino de nossa vida pós-morte sendo atribuída por um ser acima de nós, certeza mesmo nunca teremos para onde vamos. Agora, certeza temos do que fazemos aqui.

E, a pergunta que pode ser mais interessante de pensarmos e respondermos dentro de nosso íntimo é: Para onde nos leva o que fazemos aqui nesse agora em que vivemos e no posterior de nossa vida aqui?

Pense…

O que somos a não ser invejosos que olham para o lado, que buscam imitar ao outro, e que desejam o que o outro tem, e até o outro? Desejamos para ter e guardar para nós, pois invejar é isso, é não querer que o outro tenha, mas que eu tenha. Não querer que o outro seja, mas que eu seja. E assim a inveja consume, deturpa, retira de nós a humanidade, ou nos faz humanos, é difícil saber. Na verdade, nem é tão difícil, é justamente isso. A inveja nos faz humanos, pois humanos desejam para si, e somente para si. Não somos sociáveis, nem coletivistas. Vivemos em sociedade, formamos muitas vezes e ocupamos muitas vezes espaços de coletividade, mas com o propósito de satisfazer nossa individualidade, e de vivermos aquilo que queremos. Não estamos em sociedade por uma preocupação com o outro, por uma bondade ou algum gesto puro. Não! Estamos sociedade simplesmente porque assim podemos ter mais, ser mais. E então, invejamos e buscamos para nós e apenas nós, constantemente. E assim é e será!

SER, BUSCAR, QUESTIONAR, QUERER

O que somos e o que buscamos ser é aquilo que desejamos desde sempre? Aquilo que conseguimos alcançar é o que realmente desejávamos? Até onde atingimos de verdade e conquistamos realmente aquilo que era de nossa vontade? Somos o que queremos ser ou somos aquilo que desejam que sejamos?

Você, assim como eu, já se questionou isso e muitas outras coisas, não tenho dúvidas disso. É uma incerteza constante, que sempre vem a mente de muitos de nós. São reflexões pertinentes e bem vindas para todos nós. Afinal, o que somos nós, seres humanos, que seres que questionam? Somos tão arrogantes e prepotentes que nos demos como nome científico “homem que pensa”, como se os que existiram antes de nós, homo sapiens, não tinham a capacidade de pensar, raciocinar, etc.

E, é impressionante como somos arrogantes, prepotentes. Muitas vezes não nos damos conta do quanto somos. No modo de pensar, nos pré-julgamentos, nos preconceitos (e pré-conceitos) que carregamos conosco, no tom de voz, na forma de olhar. Se há algo que o ser humano não é, por natureza, é humilde. A arrogância, a prepotência de cada um de nós é inerente a nós mesmos. Contudo, é algo que necessitamos lutar contra, controlar. E como é difícil isso, afinal, queremos ser, queremos ter, queremos superar, queremos, queremos, queremos.

Agora, o que devemos querer? O que realmente necessitamos? O que podemos desejar? O que devemos ser?

Essas perguntas todas feitas aqui eu não tenho as respostas prontas, não para você que está lendo, e nem para mim totalmente. São perguntas que faço diariamente a mim mesmo, repetidamente, constantemente. São perguntas que muitas vezes me sacodem, me dão um choque, travam meu pensamento, me levam ao choro, ao desconforto, me tiram do meu próprio prumo. Pois isso muitas vezes é necessário.

Sair da zona de conforto nos coloca a pensar sobre nós mesmos, sobre aquilo que fizemos em nossa vida, que buscamos, que alcançamos. E, muitas vezes, ao pensar sobre isso tudo, aos fazermos todas essas perguntas (e outras mais que forem de sua particularidade fazer) conseguimos enxergar alguma luz sobre nós mesmos, ter alguma ideia sobre aquilo que queremos e devemos querer. Daquilo que somos ou devemos ser.

Agora, acima de tudo, lembre-se que as perguntas são suas, as respostas são suas, a vida é sua, apenas sua e de mais ninguém.

DISPUTA, IMAGEM, INDIVIDUAL, COLETIVO

Olhando em torno de tudo o que nos cerca, simplesmente vemos uma realidade que nem parece plena. Os que nos comandam não tem ética, e são cobrados por outros que na primeira oportunidade passam a perna, buscam vantagens, esquecem do outro, não pensam no coletivo.

Pensar no coletivo dói para alguns, é a única explicação que consigo chegar. É impressionante como não há mais disposição em se colocar no lugar do outro, não se para mais para escutar o que o outro está falando. Não! Cada vez mais o que muitos querem é apenas satisfazer seus egos, vangloriar-se, disputar atenção. É algo simplesmente insano, sem lógica alguma. Disputa-se até quem sofre mais, quem perde mais…

Nessa disputa constante, todos perdem, todos são prejudicados. O coletivo não existe mais, travestiu-se de individualismo preocupado com a imagem, e apenas isso. O que se quer é passar uma imagem de bom, de humilde, de generoso. Agora, ser realmente, sem se preocupar em aparecer, em ter destaque por conta disso, aí não! Tem que postar no Instagram, tem que publicar no Facebook, tem que anunciar aos quatros cantos o quanto se é bom! Afinal, a disputa é presente constante!

E quando isso vai um dia acabar? Aí, não faço ideia, e sendo sincero, nem consigo vislumbrar.

RETORNO

Em um dado momento simplesmente voltamos. Retornamos, muitas vezes, em busca de um novo caminho, como diz bem diz o ditado: Um passo pra trás, pra dar dois pra frente depois…  Se é que isso é um ditado mesmo, ou não, vai saber? Só sei que depois de quase quatro anos o blog retorna para seu endereço antigo, reconstruindo identidades, não apenas do blog em si, mas do autor também.

Reconstrução, refazer, retorno. Esse ano muito tem reservado para todos nós, caminhando em direção a certezas e incertezas, em meio a traçados retos, tortuosos, incertos, precisos. Mas, caminhando, sempre, nos devaneios da vida, que seguimos como respiramos, pois seguir é essencial. Portanto, retornemos a seguir, daqui em diante, e vamos!

Já fomos avisados

Me pergunto, observando as últimas notícias que povoam os meios de comunicação, o que justifica uma sociedade como a nossa, que está se colocando no lugar do aparelho estatal e cometendo atrocidades como as que vimos nesses últimos dias, com relação a senhora que foi espancada ao ser confundida com uma sequestradora de crianças.

Há poucos meses, devido ao episódio do cinegrafista da Rede Bandeirantes que morreu devido a um rojão que foi o atingiu, um conhecido meu foi alvo de ameaças no Facebook pois haviam confundido o mesmo com a pessoa que acendeu o rojão, sendo ele inclusive ameaçado de morte pessoas que sequer conheciam ele e não tinham certeza sobre nada.

Há pouco mais de um mês uma âncora de jornal disse em cadeia nacional que entendia a ação de pessoas que faziam justiça com as próprias mãos.

Diversos foram os pensadores, filósofos ao longo da história da humanidade que deixaram clara a necessidade da existência do Estado para conter o ímpeto do homem. Antes ainda desses filósofos, vemos em relatos bíblicos do Antigo e Novo Testamento demonstrações claras de que o homem é mal por natureza, um ser depravado.

São demonstrações claras daquilo que há anos e anos já foi dito na Bíblia. Ao ler, imaginava que seria assustador, mas mesmo assim me impressiono com o que estou observando ocorrer.

Não consigo!

Por mais que pense, pois mais que cogite, e até decida! Não, não há como deixar de lado. Afinal, já faz muito tempo que me acompanha, que está ao meu lado, ouvindo (ou seria lendo?) meus pensamentos mais absurdos, mais terríveis, mais comuns, mais cotidianos. Então, justamente por isso, mesmo que de vez em quando eu desapareça, inevitavelmente eu acabo retornando, e escrevo, simplesmente pelo ato de escrever, muitas vezes sem motivo algum, mas escrevo.

Aguardamos de forma única a permissão de que tudo se torne aquilo que esperamos para sermos aquilo que queremos, pois ser apenas aquilo que deseja-se de nós está difícil, quase impossível. Mas, é assim que se espera em nossa sociedade, de imagens, de receios, de medos, de angústias. Não se faz mais o que se quer, mas apenas aquilo que se é esperado, e aí vivemos dessa forma, angustiados em meio a tudo, por todos. Mas, a nossa liberdade já nos foi dado, por Ele e mesmo assim não conseguimos enxergar, nem vivenciá-la, presos a legalismos, a regras ridículas, a normas sem sentido. Até onde vamos com isso? Até sua volta? E, quando voltar, será que teremos tempo suficiente para enxergarmos nossas falhas, nossos erros? É… Será?

O rabo do peixe

E tudo que somos e que fomos acaba chegando a um resultado impensável daquilo que nem sabemos que podemos ter e ser. Mas, apenas sendo e tendo, somos pessoas, indivíduos, que chegam a conclusões, pensamentos, ideias, decisões. A vida é dessa forma, então, cheia de sentidos e ironicamente muitas vezes sem motivos por serem apenas o que são, sentidos sem sensações, sensações sem propósitos. De uma mente sã e ao mesmo tempo insana, de alguém que nada mais é do que um ser humano, sapiens daquilo que se coloca, mas muitas vezes sem saber apenas o é, sem perceber que aquilo que acredita é fruto de um senso comum, de uma tradição que lhe foi imposta, apenas porque não cabia na assadeira.