Posso ser seu amigo?

Ontem meu irmão me chamou para ver um vídeo. Imaginei que fosse mais um dos vídeos de novos cantores que ele gosta de ficar procurando no Youtube. Mas, não era. “Posso ser seu amigo?” é um vídeo muito interessante que nos faz questionar e pensar a respeito da importância que cada vez mais damos para a nossa vida virtual, ao invés de nos preocuparmos com nossa vida real. Deixo abaixo o vídeo:

Inquietação

E o incômodo lhe domina, enche o seu ser, gerando uma sensação estranha. Impaciência, intolerância, irritabilidade, carência. Tudo simplesmente parece lento demais para ele ou, então, acelerado em excesso. Nem ele sabe. Apenas sente que algo encontra-se fora do eixo, fora de prumo. Como se houvesse um desnível em relação a tudo que separa ele de outras pessoas.

“Peixe fora d’água”, seria essa a expressão popular que mais se aplicaria em algumas situações. Mas, em outras, fica-se até difícil definir facilmente como ele se sente. Mas, apenas sente e sabe, alguma coisa não está certa em meio a isso tudo que ele vê ocorrendo com as pessoas que estão a sua volta, com aqueles os quais ele conhece e isso lhe inquieta.

Primeiro, um estampido num café. Depois, uma cápsula que surge. E ainda, um caminho no meio de um nada. Para ele nada disso poderia parecer normal, muito pelo contrário. E tudo que podia fazer era tentar encontrar conexões para tudo isso que ocorria. E, o pior de tudo, que mais lhe deixava incomodado: ainda havia mais a ocorrer.

Belezas…

Onde é possível encontrar beleza? Não uma qualquer, daquela simplesmente física, ou maquiada, ou por que não dizer montada? Desse tipo de beleza é muito fácil de encontrar… Vá há um shopping center, ou em alguma casa noturna e o que você mais vai encontrar são pessoa que desfilam esse tipo de beleza. Ficam horas em academias, esculpindo seus próprios corpos, como se fossem artistas clássicos que moldam o mármore em busca do corpo perfeito. Levam mais outras horas acertando penteados, maquiando-se e escolhendo roupas de grife que mostrem os detalhes certos de seus corpos. É a arte da exposição. Essa beleza é importante, sem dúvida alguma. Faz bem aos olhos. Mas, não dura, não permanece, muito pelo contrário, se acaba. E, quando as pessoas já não tem mais essa beleza, que é passageira, percebem que perderam tempo demais cultuando um corpo, tempo que poderia ter sido utilizado melhor, e em meio ao culto do corpo, poderia ter buscado formar uma beleza mais concreta e de durabilidade muito maior. A beleza do ser, do indivíduo pensante.

Ah… mas essa beleza, essa sim é difícil. Enquanto a física dói para se alcançar, necessita de muito suor, a beleza perene, duradoura, essa é de uma dificuldade que explica o motivo de tão poucas pessoas conseguirem e se dedicarem a tê-la. E, além de tudo, é muito específica e, por muitas vezes, fica escondida, reservada para a apreciação de pouquíssimas pessoas. É uma beleza lapidada de forma lenta, cuidadosa, com escolhas bem delimitadas. Mas essa, essa independe de idade, não se liga ao físico. Essa beleza ilumina quando a boca se abre e pronuncia frases certeiras e traz opiniões das mais densas.

As duas tem suas qualidades e suas serventias… Qual mais lhe atrai?

Necessidade…

Muitas vezes temos uma necessidade, uma vontade que não sabemos explicar. Apenas surge, de repente, num rompante incontrolável e acabamos por satisfazê-la, pois a impressão que temos é que se não fizermos isso, se não buscarmos dar conta de tal vontade e preencher o vazio que parece surgir dentro de nós quando tal fato ocorre, temos a sensação de que ficaremos incompletos por um longo período e não seremos mais nós mesmos.

Agora, o motivador para tais vontades, necessidades? Não sei se posso dizer com exatidão se o mesmo existe. Mas, que o desejo está lá, presente, nos movendo a buscar cada vez mais coisas e suprir necessidades das mais diversas, ele está. Cabe a nós controlá-lo, limitá-lo, ou não.

O que move…?

Por que se valoriza tanto o gastar, o comprar, o consumir, o possuir?

Olho as minhas contas e tudo aquilo que tenho e me pergunto cada vez mais a respeito disso. Muitas coisas que comprei não eram necessárias naquele exato momento, mas mesmo assim as adquiri. Lembro como se fosse hoje a besteria que fiz no segundo semestre de 2009, quando ainda estava com o computador novo em minha casa mas enfiei na cabeça que queria trocar por outro, menor e mais leve, mesmo que ele tivesse uma capacidade de processamento pior do que aquele que eu já tinha. E lá fui eu e paguei exorbitantes 1600 reais em um netbook, que dali a seis meses valeria menos de mil reais, novo.

A mesma coisa fiz com carro. Lembro que em março de 2008 comprei um carro para mim. Um Fiesta Street 01/02, com ar-condicionado. Foi meu primeiro automóvel (e até hoje sinto saudades dele). Um ano depois que eu o comprei, deixei estacionado em frente de casa e um motorista embriagado arrebentou ele inteiro, ocasionando perda total. O seguro cobriu o financiamento e fui eu em busca de outro. Estava com um bom salário na época e resolvi comprar um veículo semi-novo ou então até zero km. Comprei um Clio 08/09, com 9.500 km rodados, completo. Novinho, mas com uma prestação lá no teto, mais de 700 reais. Em 2010, quando meu salário reduziu, meu orçamento apertou e minha contas foram pro espaço, e ainda hoje tento colocá-las nos eixos, acabei por vender o Clio, pois mesmo depois de refinanciado ele não se encaixava dentro dos meus planos novos (casamento, constituição de um lar, etc.). Então, prioridades vieram e mudanças foram necessárias. Clio vendido, Escort comprada. 97/8, completa e que me atende perfeitamente.

O que me pergunto é justamente porque gastei essas quantias em coisas que não me eram necessárias. Não tinha necessidade, no segundo semestre de 2009, de eu comprar outro computador, pois já tinha um, inclusive melhor do que aquele que eu comprei. Não havia necessidade de eu comprar um carro, em 2009, com prestação de mais de 700 reais e mais novo, sendo que hoje em dia um bem mais velho (que o meu primeiro carro, inclusive!) me atende perfeitamente.

O que move as pessoas a gastarem tanto? Quais os motivos que as fazem se endividarem e deixarem de lado seu próprio bem estar físico e psíquico para atender à aparências impostas pela sociedade? Essa necessidade de se parecer bem para os outros. Parecer a todo instante bem sucedido financeiramente, com base nos objetos que possui é que algo que me inquieta. E, me incomoda mais ainda o fato de que eu, mesmo questionando tais ações, mesmo assim, eu ainda acabo por me deixar levar por esse consumismo desenfreado, por essa vontade de ter sempre e cada vez mais.

“A serbian film”

Há algum tempo eu venho acompanhando a retomada da censura no país. Até então tal censura estava vindo de forma velada. Os próprios indivíduos estavam agindo de forma reacionária, se colocando contrários a produções televisivas e fazendo emissoras atenuarem suas temáticas (como foi feito na telenovela “Amor e Revolução”) ou até tirá-las do ar (como o que ocorreu com o seriado norte-americano “Lonestar”). Mas, o que vem a ocorrer agora é algo muito mais grave e que nos faz pensar nos tempos da ditadura, na qual havia um órgão censor estatal que agia muitas vezes e limitava a liberdade de expressão nas manifestações artísticas em solo brasileiro.

Há cerca de duas semanas a película “A Serbian Film” foi proibida de ser exibida e teve o processo avaliativa de classificação indicativa suspenso. Motivo: incentivo à pedofilia e necrofilia. Sem dúvida alguma, tais atos são repugnantes e completamente reprováveis dentro da vivência social contemporânea. Porém, a justiça brasileira esquece-se do fato de que os indivíduos são seres pensantes e com direito a liberdade de escolha e que não necessitam de ser limitados ao extremo em seu acesso às obras de arte ou quaisquer outras manifestações possíveis. Independente de quaisquer motivos, a proibição de exibição de uma obra artística, qualquer que seja ela, é um atentado a um direito inalienável do homem, a liberdade.

Para aqueles que quiserem mais detalhes a respeito dessa atrocidade, indico como leitura um texto no blog do crítico de cinema Pablo Villaça – Um filme sérvio e os ditadores do bom gosto.

Caminhos…

Era tudo o que ela via.

Estava ali há alguns meses, ainda reconhecendo o lugar no qual havia chegado e tentando entender tudo que ocorrera com ela. Lembrava-se vagamente a última vez que tinha verificado seus instrumentos. Os dados eram exatos, deveria ter chegado em um local povoado e com condições de sobrevivência.

“Areia para tudo que é lado é bem distante de sobrevivência”.

 Já sabia algumas características. Muito calor durante o dia, muito frio a noite. Tempestades de areia quase toda semana, pelo menos duas vezes. E eram terríveis. Lembrava-se da primeira vez, quando fora pega de surpresa. Sua roupa chegou a se rasgar e o vidro de seu capacete ficou trincado. Foi assim que descobriu que poderia respirar naquela ambiente que lhe parecia inóspito.

Não parecia haver chuva, pelo menos não naquele lugar. Mas, pelo que observara, ao longe, tinha visto se formar nuvens típicas da chuva. E ainda teve um dia em que teve certeza, o ar estava úmido (mas pensou ser alucinação).

Mas, naquele dia, olhava sem entender direito. Havia uma pequena mudança na paisagem, a areia não estava perfeita, um pequeno caminho, como que feito por um animal, existia naquele deserto.

“Civilização, sociedade, pessoas?”. Não pode ter certeza, estava apagada.

Tempestade…

Lentamente encontramos o ponto ideal, no qual conseguiremos uma tranquilidade, um equilíbrio entre diversos, sejam quais forem. Agora, até lá…

Viveremos períodos inconstantes, cheios de reviravoltas, nos quais ocorrerão coisas que não podemos sequer imaginar, onde perderemos a noção do espaço, do momento, do tempo. Períodos nos quais o homem nos mostrará aquele que ele realmente é, e ficaremos desnorteados, como se tivéssemos pulado de um carrossel girando em alta velocidade. Ficaremos machucados, tontos, sem senso de direção. E quando tudo isso tiver atingido sua potência máxima, olharemos um para o outro, no meio da rua, para conhecidos e desconhecidos, e perguntaremos:

O que faremos agora?